Isaías - O Quinto Evangelista

 O profeta Isaías (HebraicoיְשַׁעְיָהוּModerno Yeshayahu Tiberiano Yəšạʻyā́hû; em siríacoܐܹܫܲܥܝܵܐ ˀēšaˁyāGregoἨσαΐαςĒsaïāsLatim: Isaias; Árabe: إشعيا As̲h̲aʿyāʾ ou S̲h̲aʿyā; "Yah é a salvação"),  teria vivido entre 765 AC e 681 a.C., durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, sendo contemporâneo à destruição de Samaria pela Assíria e à resistência de Jerusalém ao cerco das tropas de Senaqueribe que sitiou a cidade com um exército de 185 mil assírios em 701 a.C. Wikipédia
Nascimento: Reino de Judá
Nome completo: Isaiah
Pais: Amoz

Isaías
יְשַׁעְיָהוּ, Yeshayahu
Pintura de Isaías na Sacristia de São Marcos, no Santuário da Santa Casa de Loreto, por Melozzo da Forlì, cerca de 1477.
Profeta
NascimentoSéculo VIII a.C.
MorteSéculo VII a.C.
Veneração porReligiões Abraâmicas

Isaías, cujo nome significa "Iahveh ajuda" ou "Iahveh é auxílio" exerceu o seu ministério no reino de Judá, tendo se casado com uma esposa conhecida como a profetisa que foi mãe de dois filhos: Sear-Jasube e Maer-Salal-Hás-Baz.

O capítulo 6 do livro informa sobre o chamado de Isaías para tornar-se profeta através de uma visão do trono de Deus no templo, acompanhado por serafins, em que um desses seres angelicais teria voado até ele trazendo brasas vivas do altar para purificar seus lábios a fim de purificá-lo de seu pecado. Então, depois disto, Isaías ouve uma voz de Deus determinando que levasse ao povo sua mensagem.

Focando em Jerusalém, a profecia de Isaías, em sua primeira metade, transmite mensagens de punição e juízo para os pecados de Israel, Judá e das nações vizinhas, tratando de alguns eventos ocorridos durante o reinado de Ezequias, o que se verifica até o final do capítulo 39.

A outra metade do livro (do capítulo 40 ao final) contém palavras de perdão, conforto e esperança.

Pode-se afirmar que o profeta Isaías também fala sobre o mundo utópico que será quando o Messias estiver no mundo, especialmente em Isaías 11:1-16. Entretanto, há profecias de Isaías que muitos Cristãos defendem ser sobre O Messias (Hamashiach), mas que visivelmente trata-se de outrem. Por exemplo, em Isaías 7:14 , além de ser traduzido incorretamente ("haalmah" significa simplesmente "a jovem mulher", sem nenhuma conotação de tatus sexual de virgindade), o contexto desta profecia era o nascimento do filho do rei Acaz de Judá, Ezequias, em cujos "ombros estava o principado" (ver Isaías 9:6) e quem se tornaria rei de Judá e traria a paz ao povo das ameaças e da dominação Assíria (por isso o termo "Príncipe da Paz"(Messias), em Isaías 9:6). 

Livro de Isaías

Neste verso, Isaías utiliza uma figura de linguagem - o hipérbato (que é a inversão da ordem das palavras em uma sentença, com o objetivo de poetizar o texto) - que confunde muita gente e os tradutores da Bíblia. O que está escrito em Isaías 9:6 é o seguinte: "... e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz". Porém o verbo "vaykra" é o verbo "chamar" no tempo passado (chamou). Quando a passagem é traduzida de forma correta, considerando o hipérbato, nota-se mais clareza no entendimento do verso: "... e o Maravilhoso Conselheiro, Deus Todo Poderoso, Pai da Eternindade chamou seu nome Príncipe da Paz". Logo, Isaías 9:6 fala do rei Ezequias, e não do Messias. Esta profecia corrobora a profecia de Isaías 7:14. Muitos, especialmente os Cristãos, defendem a idéia de que o "servo sofredor" de Isaías 53 seja O Messias, que morreria pelos pecados da humanidade e como um príncipe soberano que governará com justiça. Porém, a leitura dos capítulos precedentes (Isaías 40 - 52) esclarece que o termo "meu servo", que aparece repetidas vezes, se refere à Israel (que também é chamado de Jacó), e não AO Messias. O livro de Isaías contém 4 cânticos sobre o "servo sofredor", sendo o capítulo 53, o último deles. A leitura Cristã de Isaías defende que a passagem  menciona o martírio que aguardava o Messias (visão cristã sobre os cânticos):


"Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados". (Is 53:5)

No Judaísmo os cânticos do servo são interpretados como se referindo ao povo Israelita/Judeu

No Talmude de Jerusalém consta que Isaías foi morto quando, ao ser perseguido pelo rei Manassés, se escondeu dentro de um cedro. As franjas de sua roupa, porém, deflagraram sua presença, e então o rei ordenou que o cedro fosse serrado ao meio, ocasionando sua morte (Sanhedrin x.).  A versão do Talmude é um pouco diferente, onde o profeta se introduz no cedro perante Manassés, e este então manda serrar a árvore. Quando a serra chegou à sua boca, Isaías morre, assim sendo “castigado” por seu perseguidor por ter dito: "Eu habito no meio de um povo de lábios impuros" (Yevamot 49b). Entre outras variantes de literaturas judaicas, com algumas singularidades, como a do Targum.


Embora a teologia tradicional judaico-cristã defenda a existência de um único autor, respaldada por Eclesiástico 48:24-25, existem fortes evidências de que o livro foi obra de mais de um autor, merecendo destaque o início do capítulo 40, onde se verifica a descontinuidade entre o Primeiro e o Segundo Isaías, pois ocorre uma mudança abruta do século VIII AC ao período do Exílio na Babilônia (século VI AC), não se fala mais uma única vez de Isaías e a Assíria é substituída pela Babilônia, cujo nome é mencionado com frequência, assim como o nome de Ciro II, rei dos medos e persas.[9] Havendo estudos que indicam que dos 66 capítulos do livro, menos de 20 foram escritos pelo profeta do século VIII AC que viveu durante os governos dos reis Joatão (739-734 AC), Acaz (734 ou 733 - 716 AC) e Ezequias (716 ou 715 - 699 ou 698 AC), estando tais capítulos concentrados na primeira parte do livro, que engloba os caps. 1 a 39, também conhecida como Proto-Isaías ou Primeiro Isaías.[7]

Portanto, o Livro de Isaías é uma coletânea de oráculos proféticos de épocas diferentes, cuja redação final deve ter acontecido por volta de 400 AC, ou mesmo mais posteriormente. Trezentos anos depois da morte de Isaías ainda se atualizavam suas palavras, pois mesmo os oráculos da época dele foram relidos na perspectiva pós-exílica. O horizonte de leitura do livro completo de Isaías é o da época persa e da comunidade judaica pós-exílica.[7]

Portanto, de acordo com a teoria da crítica bíblica moderna, foram dois Isaías que escreveram o livro. O Proto-Isaías escreveu parte dos capítulos 1 a 39 do Livro de Isaías. Ele admoestava Israel pelas convulsões sociais e pela sua política externa, pronunciou-se contra a ameaça dos Assírios e foi o primeiro a mencionar a espera de um Messias. De acordo com alguns teólogos, os capítulos 24 a 27 e 33 a 39 contêm dados adicionais posteriores.

Os capítulos 40-55 do livro de Isaías foram escritos por um profeta anônimo, que costuma chamar-se de Dêutero-Isaías, para distingui-lo do primeiro. Ele viveu por volta de 550-539 a.C. e deu a sua consolação ao povo israelita que tinha sido feito prisioneiro e enviado ao Cativeiro Babilónico. Fazia uma analogia ao fato do povo Judeu ser um vassalo de Deus e aquele que sofre pelos povos.

Os capítulos 55-66 do Livro de Isaías são tidos por alguns pesquisadores modernos como acréscimos posteriores ao Dêutero-Isaías, que por volta de 1900, creu-se ser um terceiro autor (um terceiro Isaías), mas que, de acordo com a teoria, podem ter sido vários.

Porém, a teoria de um único Isaías é aceita pelos fundamentalistas, que encontram termos em comum nos três livros e consideram tais termos como prova de veracidade. Não aceitam imaginar que antes da invenção da escrita, os livros eram reproduzidos por copistas, e que eles os traduziam. Ora, se uma só pessoa copia e traduz um texto, é natural que no fim ela consiga dar coerência aos textos.

Mesmo com pesadas críticas, a posição tradicional entre os teólogos e fundamentalistas é a de que o Livro de Isaías foi escrito por uma única pessoa entre 740 a 681 a.C. pelos seguintes motivos:

- - - Nos capítulos nas duas seções existem palavras que atestam sua unidade, como:

- -

  • "o Santo de Israel".

-

  • “… as vossas mãos estão cheias de sangue." (1:15; 59:3)

-

  • “… será a coroa de glória e o formoso diadema para os restantes de seu povo." (28:5; 62:3)

-

  • “… pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo."(35:6; 41:18)


- - - As mudanças no tema acontecem para preparar o leitor e fazer com que o mesmo entenda a mensagem. Norman Geisler explica:

- - "Os capítulos 1 a 39 preparam o leitor para as profecias contidas nos capítulos 40 a 66. Sem esses capítulos preparatórios, a última seção do livro não faria muito sentido.

Por outro lado, filólogos e historiadores, especializados na análise apropriada de textos e desprovidos de preconceitos religiosos, refutam cada uma dessas tentativas de defender a unicidade do livro, mantendo sua defesa da teoria da tripla autoria do livro, que é a atual posição entre a maioria dos historiadores.


A questão sobre Isaías 40:22

Uma das passagens bíblicas que talvez tenham gerado mais controvérsias e problemas na História, atingindo crucialmente a questão do helicentrismo versus teocentrismo, é a passagem de Isaías 40:22. Nesta passagem, uma regra das traduções (incluso as que vigoravam na Idade Média) era de traduzir a palavra hebraica hhug por "círculo". Tal passagem acabou por gerar a interpretação de que a Terra teria a forma de um prato, ou um disco - a Versão Católica ainda traduz o termo como "disco",  oque acabou por ser um dos motivos da oposição às viagens de Colombo quando este almejou encontrar as Índias contornando a Terra.

No entanto, de acordo com o livro de B. Davidson "A Concordance of the Hebrew and Chaldee Scriptures" (Concordância das Escrituras Hebraicas e Caldeias), a mesma palavra pode ainda ser traduzida por "esfera". Sob uma análise científica, tais termos levaram muitos a crer que esta passagem da Bíblia é uma amostra de sua falsidade, uma vez que hoje é tido como verdade científica comprovada que a Terra não é nem um prato, nem uma esfera, mas de formato geoide. No entanto, apesar deste fato científico anular a interpretação de que a superfície da terra é uma esfera ou círculo, não anula o termo por completo quando se muda o plano de referência, tomando a observação no espaço sideral como tal. Isto porque, quando vista do espaço, a Terra possui um desenho circular devido à atmosfera, e, se fosse considerar o formato completo, também pode ser observado como esfera.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem